sexta-feira, 18 de junho de 2021

Civilização Ocidental? Desmistificando esse esdrúxulo conceito do Bolsolavismo



Acima, meme do twitter @amoedozueiro , no qual se debocha do fato de um país de índios, negros e mestiços defender a "civilização ocidental" que, na cabeça dos olavistas, é o conjunto de países com grande população de fenótipos germânicos.

A tese principal defendida entre os lunáticos bolsonaristas mais fanáticos e ligados à ala ideológica (olavista) do governo é a da "destruição da civilização ocidental" supostamente promovida pela "esquerda" e pelo movimento "globalista" visando a criar uma nova ordem mundial. MUNDIAL, ou seja, no mundo islâmico, no Irã, em Israel, na Rússia, na China e na Coréia do Norte!

Esse post é mais ligado à sociologia. Eu estudei pouca coisa mas esse pouco abriu muito a minha cabeça a respeito das ideologias e sistemas em que vivemos. Claro, não existe melhor sociologia do que a religião gnóstica, essa sim a verdadeira sociologia, mas os autores que a academia respeita e reconhece como autores ligados à sociologia científica são essenciais e importantes para qualquer pessoa, portanto recomento muito que se dê uma lida em vários livros e obras que tive o privilégio de estudar:

- Perspectivas Sociológicas, de Peter Berger.

- Sociologia, de Anthony Giddens.

- Introdução ao Pensamento Sociológico, de Ana Maria de Castro e Edmundo Fernandes Dias.

- O Suicídio, Educação e Sociologia, As Regras do Método Sociológico de Émile Durkheim.

- O Capital, A Ideologia Alemã, O Dezoito de Brumário de Luis Bonaparte, O Manifesto do Partido Comunista, obras ou só de Marx ou de Marx e Engels.

- A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Economia e Sociedade, A Ciência como Vocação de Max Weber.

Também obras de política, cultura, comunicação, antropologia e economia como:

- Grandes Obras Políticas, de Jean Jacques Chevallier

- Transformações da Política na Era da Comunicação de Massa, de Wilson Gomes.

- A História Perdida e Recuperada de Jesus de Nazaré, de Juan Luis Segundo.

- O Futuro da Democracia, de Norberto Bobbio.

- Contrato Social e Discurso sobre Economia Política, de Rousseau.

- Capitalismo Transição, Charles Parain e outros.

- O Século XIX, de René Rémond.

- O capitalismo: sua evolução, lógica e dinâmica, de Paul Singer.

- Nação e Consciência Nacional, de Benedect Anderson.

- Cultura: um conceito antropológico, de Roque de Barros Laraia.

- O que faz o Brasil, Brasil? de Roberto DaMatta.

- Identidade Cultural na Pós-Modernidade, de Stuart Hall.

- Do Espírito das Leis, de Montesquieu.

- Leviatã, de Thomas Hobbes.

- Sociedade em Rede, de Manuel Castells.

- Cadernos do Cárcere, de Antonio Gramsci.

E outros. Alguns eu li alguns capítulos apenas. A maioria eu li completamente. Outros ou desisti de ler para ler outras coisas e acabei esquecendo, tudo a muitos anos atrás. Outros eu busco reler de vez em quando.

Depois de entrar em contato com o Gnosticismo puro e original através da Biblioteca de Nag Hammadi eu percebi que muita coisa, quase tudo, que vem sendo dito e estudado pela Ciência Política, Filosofia Política, Sociologia, Antropologia, Psicologia e outras áreas de humanas afins já foi dito, previsto, prefigurado, citado, descoberto pelos gnósticos antigos. Parece presunçoso e forçado, mas não é. Isto é muito interessante.

Por exemplo, a questão do suicídio e o comportamento de massa detectados e estudados por Durkheim já haviam sido detectado por gnósticos como Valentim, que falam da Angústia Existencial e desespero causado pelo descolamento do indivíduo da estrutura cultural e sua inserção em uma sociedade de produção intensa, com muitas horas de trabalho, o que produz uma pulsão para a morte, perda do sentido da vida, desencantamento do mundo e etc. 

Em relação à política, o Apócrifo de João e outros textos clássicos do gnosticismo falam da ignorância como sendo a característica com que o criador do mundo cria o mundo e mantém seu sistema, e o uso do termos ARCONTES (autoridades), termo usado na Grécia e no império romano oriental de fala grega para se referir às autoridades políticas e jurídicas diversas revela uma camada subversiva nos textos gnósticos: a história gnóstica da humanidade entorpecida pelos desejos insuflados pelos arcontes é real também na política e na economia, pois as autoridades políticas e econômicas desse mundo também nos entorpecem com suas influências e fetiches, impondo modos de pensar e agir, criando classes sociais artificiais que não existem para nos manter quietos em nossa casta social e nunca lutar por Justiça, mostrando como falsas são as democracias como a liberal burguesa, como estúpidas são as monarquias e como Yaldabaoth pode ser visto claramente naqueles ditadores fascistas que querem o mundo à sua imagem e semelhança.

Em relação à cultura, os gnósticos, ao reinterpretarem o Mito de Adão e Eva, mostram como uma cultura é expressão de relações humanas intersubjetivas, relações ecológicas, relações mentais: o Jardim do Éden é um delicioso paraíso de sentidos e desejos mas é enganoso, é um mundo falso e articial, fora dele há outro mundo. Nosso Jardim do Éden pode ser a bolha cultural em que vivemos, ignorando outras formas de sociedade. Quando estamos dentro de uma cultura, nós a vemos de dentro, com os olhos da própria cultura, com óculos, lentes de contato, enfim, com uma programação mental especial para ver somente o que nos foi permitido e programado para ver. Quando saímos da Bolha, saímos do Jardim, aí vemos o mundo real que não é a nossa bolha civilizacional, nossa bolha familiar, nossa bolha religiosa, nossa bolha de fóruns de discussão da internet, nossa bolha de nossa própria mente.

Em relação à psicologia é mais notório ainda. A Sophia gnóstica é a Consciência da Luz, a mente livre de penduricalhos e fobias. Id, ego e superego são representados em níveis de consciência baixos pelos quais Sophia passa, são reinos ou Aeons próximos do mundo material, são mundos mentais brutos, Universos Mentais próximos da matéria concreta e bruta do nosso corpo. Jung se atentou para o fato de que existem níveis de realidade sutis e superiores, acessados por vias diferentes das convencionais, por vias místicas e contemplativas, tudo dito nos livros gnósticos claramente. A Sophia também representa aquele Eu que desde criança aprende a se relacionar com a mãe, o pai, os irmãos em casa e vai crescendo passando pelas fases cognitivas infantis, juvenis até a fase adulta. O Gnosticismo é uma aula de psicanálise e psicologia profunda, Jung acertou total ao perceber isso tudo.

Marx é um caso especial. Em outra postagem havia comentado sobre a questão do Eric Voegelin ter espalhado que o marxismo é originário do gnosticismo, uma terrestrialização da escatologia gnóstica transcendental-espiritual.

Vamos lá. Eu estudei pouco a obra de Marx mas já percebi algumas coisas que já citei pouco aqui também. Eu percebo na obra de Marx um apego dualista que não tem lá muito gnosticismo. Está mais para a terrestrialização do Platonismo e dessacralização do Zoroastrismo

Exemplo: Luta de Classes. Eu realmente acho que Marx acertou sobre a Mais Valia e toda sua detecção do modo de produção material da vida NO CAPITALISMO. Mas nas outras formas de economia e sociedade ele falou ou nada ou besteira. Muito pouco Marx fala de sociedades "orientais" e suas estruturas, quando fala é besteira.

Aliás isso é um problema grande nesses autores do fim da Idade Média até a Idade Moderna: eles colocam no mesmo balaio o império islâmico, o império turco, os estados da China, Japão, Índia e até mesmo Rússia, Egito, Babilônia, tudo. Montesquieu no Espírito das Leis fala tanta bobagem sobre países do Oriente. Como é que alguém coloca como sendo de um mesmo tipo um país como o Egito e também a China? Somente por que em sua época era uma monarquia absoluta? E a França, e a Espanha? É muito estranho, muito esquisito a forma com que classificam de "Estado Oriental" países absurdamente diferentes. Soma-se a isso conhecimentos PARCOS dos modos de produção, economia e instituições sociais orientais. Isso é uma típica arrogância européia branca do homem branco europeu, "racional", "grego", "filosófico" e "científico".

Mas voltando ao Marx, essa ideia da luta de classes explica algumas coisas mas não explica tudo, é uma visão deturpada da realidade baseada num dado básico que é a relação sujeito-objeto, ou seja, o dualismo existencial que eu percebo quando digo: eu sou, o outro não sou eu, eu sou uma coisa, o outro é outra coisa, eu sou uma pessoa, o universo não é uma pessoa e muito menos é igual a mim.

Essa visão ERRADA da realidade é um dado que vem logo na nossa cabeça, pois isso forma o sujeito, a concepção subjetiva. Que é, do ponto de vista gnóstico, errônea pois não existe sujeito, não somos algo separado., apenas nos percebemos desse modo pois não temos a consciência desenvolvida o suficiente para perceber a realidade do universo, vemos o que fomos programados.

E Marx viu o que foi programado, ele não viu a realidade em si. Pois a realidade em si não é objeto da ciência ou da matéria dos nossos olhos, pois ela ultrapassa em muito a capacidade da matéria corporal de ver e entender.

Porque Platão? Ora, porque Platão explicou duas realidades, sensível e inteligível, como se tivessem brigando ou disputando dentro de nós. O mito da caverna mostra isso. A Luta de Classes de Marx é o momento da saída da caverna de Platão, perceber as forças que nos manipulam e como estamos inseridos em um modo de produção que explora. Sair do "mundo sensível" e entrar no "mundo inteligível", o mundo da razão, do lógos, da consciência social, da consciência de classe, da luta de classes.

Porque Zoroastro? Porque o profeta Zardusht  disse que há duas forças, do Bem e do Mal, lutando desde o princípio e que nós podemos escolher lutar do lado de uma ou de outra, o lado dos trabalhadores ou o lado do burguês, de progressistas ou de reacionários.

Quando Marx propõe a revolução ele está propondo essa saída da caverna, essa escolha do lado do "bem" contra o mal, a luta política, a consciência social a respeito do modo de produção e da exploração do proletariado.

Essa é a questão de Voegelin. Ele não entendeu que Marx parte de um dado básico: o se perceber como sujeito diferente de um objeto, o dualismo existencial. O DUALISMO EXISTENCIAL É A ORIGEM DO MARXISMO, e não o Gnosticismo.

Qual a resposta do Gnosticismo ao Dualismo Existencial? NÃO SE DEIXAR LEVAR POR ELE, pois ele é apenas uma parte do que podemos perceber da realidade. Ele é um programa usado pelo maligno Criador para limitar o alcance de nossa consciência e nosso conhecimento.

Esse Dualismo Existencial é a origem de todo mal. Pois ele nos cega muito. É através desse dualismo existencial que nós brigamos, que queremos tomar as coisas dos outros, que somos intolerantes, que odiamos, que nos impede de dividir, doar, servir. Pois nos enxergamos como indivíduos que merecem tudo, receber tudo, mais e melhor do que os outros. Seguindo a psicanálise freudiana, podemos notar que essa falta tem origem lá quando estamos mamando no peito da mamãe, quando ela não olha nos nossos olhos, não nos dá atenção. Há um defeito ali colocado pelo Destino, é algo fora de nosso alcance. Pode um bebê obrigar ou ensinar sua Mãe a amá-lo? A amamentar, abraçar, embalar de forma correta a ponto de promover o correto desenvolvimento do Eu daquela criança? Ou vai gerar um intenso Dualismo Existencial, uma pessoa cheia de faltas e buracos existenciais, com um Eu mal formado, quebrado, incompleto, buscando no mundo material a satisfação existencial que só um Eu consciente da não-dualidade da realidade pode alcançar?

Em relação à Luta de Classes, ela pode até ser real em alguns momentos históricos, mas não é um dado da realidade percebido em quase toda forma de sociedade humana, muito menos o capitalismo contemporâneo, tecnológico, virutal e globalizado. O mundo é muito complexo e as redes de relações produtivas hoje, ainda mais com tanta circulação de informação, tantas redes, tantas relações virtuais, robóticas e com o meio ambiente, não comportam a Luta de Classes como uma explicação do motor da história humana. O que move a humanidade é a avareza e o egoísmo causados pela má formação do Eu e pelo apego ao Dualismo Existencial como base motora e motivação diária. Não é uma luta de classes mas uma luta de egos.

É por isso que os mitos gnósticos ensinam que o Dualismo é a base da realidade, e essa realidade é programada. Quando desprogramados, vemos o Monismo, o Não-dualismo, acessado pela transcendência e pela mística. Consequentemente vamos deixando de ser duais e vamos sendo não-duais, construindo o Novo Homem como Mani, o Profeta da Luz, disse, que habitará o Novo Aeon que não é deste mundo, como Reino dos Céus proclamado por Jesus.

O Gnosticismo não é marxista mas é, de fato, subversivo, pois toda sua estrutura mitológica é uma grandiosa parábola que desvenda os mistérios da realidade humana, seja ela espiritual, seja ela política ou econômica. Por isso a Gnose é o Santo Graal dos Cátaros, a Sophia dos gnósticos clássicos, a Donzela da Luz maniqueísta, a Partícula ou Centelha dos valentinianos, a Pérola dos Atos de Tomé. É um segredo indescritível que, quando descoberto, destrói toda mentira e revela as artimanhas que nos prendem de todas as formas. A Gnose ensina que nenhuma igreja ou sacerdote é necessário para chegar até Deus e hipostasia os políticos e governantes como Arcontes, ou seja, espíritos demoníacos que criam sistemas corruptos de poder: o Estado é uma criação de Satanás, mais conhecido como o Demiurgo, Yaldabaoth ou simplesmente Jeová, que oprime os cidadãos com leis falsas que criam a desigualdade social, retira direitos, faz a mulher escrava do marido, torna as pessoas dependentes economicamente e exploradas por seus chefes, enfim, um mundo injusto e desigual.

Na China o Maniqueísmo causou uma revolução social e cultural que derrubou a Dinastia Yuan e fez ascender a Dinastia Ming: o líder da revolução. O líder gnóstico Mazdak fez uma revolução social no Império Persa Sassânida e alguns estudiosos comparam suas doutrinas com as doutrinas de Marx, Engels e Gyorgy Lúkacs. Mazdak fez uma reforma religiosa no Zoroastrismo transformando ele em uma forma clara de Gnosticismo, o Mazdakismo, e instituiu politicamente serviços sociais e programas de bem-estar social. Mazdak foi influenciado pelo Maniqueísmo e pela República de Platão e alguns estudiosos o consideram o primeiro "socialista" da humanidade pois, de fato, a doutrina conclamava a uma revolução social especialmente nos costumes da elite conservadora e opressora sassânida e na distribuição de renda, por exemplo, promovendo a livre sexualidade da mulher libertando-a da escravidão familiar e do marido e promovendo o anticlericalismo, tudo isso sem deixar de ser uma religião com escrituras e rituais baseados no zoroastrismo e no maniqueísmo, na verdade uma espécie de síntese entre zoroastrismo e maniqueísmo mas retornando a fontes gnósticas clássicas para tal. Mas devemos saber que o mazdakismo é a única forma de gnosticismo em que a academia (e qualquer pessoa que estude) vê certas ideias marxistas e socialistas em prática antes de Marx.

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O Bolso-Olavismo

Vamos analisar a teoria da "civilização ocidental" segundo Olavo de Carvalho e seus abestalhados lambe-botas.

Partindo de Voegelin, os bolsolavistas inventaram que o Ocidente Cristão está sendo atacado pelo "exercito do Mal", a esquerda globalista islamica comunista russo-chinesa metacapitalista gnóstica da fundação Ford e George Soros para implantar a Nova Ordem Mundial, inclusive o coronavirus é uma arma da China pra realizar isso. Trata-se de uma ridícula, podre e decadente versão do velho mito zoroastriano da luta do bem e do mal.

Na minha percepção, a verdadeira e real Civilização Ocidental começa quando os povos bárbaros da europa ocidental se convertem ao cristianismo. Ora, o que motivou isso, piedade sincera? Nunca.

Tratou-se de uma barganha. Os bárbaros viram que era melhor fingir conversão e dar seu jeitinho germânico (o Direito Germânico era expressão da justiça de acordo com as culturas dos povos bárbaros que, ao se cristianizarem, não deixaram de impor seus costumes ao direito romano que prevalecia sob o protagonismo da igreja católica). O Direito Germânico bárbaro era baseado não em leis positivas mas em julgamentos e decisões comunitárias (tribais), e essas decisões ou sentenças se tornavam precedentes e normas dali em diante. Trata-se de um sistema bem primitivo de Direito e é importante saber disso para entender porque hoje um homem branco, cristão, conservador se acha o paladino da moral e dos costumes e se arroga o lugar de supremacia não só sobre o Ocidente mas sobre o Globo.

Quando os povos germânicos invadiram o império romano, eles implantaram à força seus costumes selvagens como Direito fazendo aos poucos compilações de leis escritas que passaram à posteridade e viraram as codificações e ordenamentos positivados do futuro. Mesmo cristianizados e adaptados, seu direito e sua lei prevaleceram em seus territórios de domínio. Muitas e muitas vezes o cristianismo se calou diante de normas bárbaras evidentemente abusivas e anticristãs, pois era do interesse da igreja ocidental romana ter ao lado reis e suas riquezas ante os vários inimigos, como os cristãos bizantinos orientais, os russos ao norte, os árabes ao sul e os hereges e reis rebeldes da própria europa ocidental.

Isto é a base do Ocidente. O Ocidente nasceu da barbárie, dos bárbaros, da selvageria, do assassínio e do estupro.

Quando conservadores falam do Ocidente como sendo filosofia grega, direto romano e religião cristã eles estão mentindo descaradamente. Porque os bárbaros se tornaram cristãos por interesse, permanecendo pagãos na maioria dos costumes. Adotaram as compilações de direito civil romanas mas não totalmente, pois prevalecia o direto consuetudinário oriundo das sentenças tribais e assembleias comunitárias dos povos germânicos. E a filosofia grega nunca chegou à população permanecendo mera coisa de monges e teólogos. Nenhum bárbaro cristão estudava direito romano ou filosofia grega: o sujeito era cristão porque o seu monarca o era, e se o seu senhor se tornasse muçulmano permanecesse pagão, assim ele faria também seguindo o costume bárbaro.

O que quero concluir é: o povo que se chama de "cristão ocidental" na verdade é um bizarro feto gestado do cruzamento de um povo pagão, tribal e selvagem que se amansou parcialmente com certos costumes estrangeiros. Na verdade, os bárbaros arrumaram uma capa ou crosta de "cristãos" para se darem bem com a igreja romana e conseguirem absorver para si a estrutura e os escombros do império romano, se tornando a elite e o poder político e econômico de territórios sob seu controle. Estes bárbaros se tornaram extremamente CONSERVADORES no que diz respeito à manutenção de sua posição econômica, política e social. Todos sabemos de costumes bizarros da idade média como a bebedeira desenfreada dos homens, as execuções públicas de criminosos como evento social, padres e mosteiros realizando a manutenção de prostíbulos, o horrível costume dos espólios de guerra e outros costumes bárbaros e anticristãos plenamente aceitos por uma civilização "cristã".

Mas o que tudo isso tem a ver com o Bolsolavismo?

Ora, basta ver o vídeo abaixo para entender:



Trata-se de uma reunião de bolsolavistas.

Se observamos o que, de fato, clamam os bolsolavistas veremos que é nada mais nada menos do que a manutenção do status de elite econômica e política de um tipo específico de pessoa: o homem branco europeu ocidental, "cristão", CONSERVADOR, pai de família, cidadão de bem, etc. Trata-se de uma CASTA, e não classe, social que almeja o poder, ou pelo menos não perder o poder, o prestígio, a posição privilegiada como realizadores e ditadores do Direito e da lei. Trata-se de uma tribo bárbara ainda hoje existente.

O que os bolsolavistas querem é manter o costume e estrutura social germânico-romano-cristão do bárbaro relativamente amansado pelo cristianismo que, atacando e dominando o império romano, toma posse de sua riqueza, sua estrutura, se converte ao cristianismo, se torna senhor feudal, nobreza e rei, dita as regras e se consolida como a elite política, econômica e social, DITANDO os costumes, as leis, as regras a partir das sentenças e penalizações tal como os germânicos pagãos.

O canal bolsolavista Brasil Paralelo no Youtube realizou uma série de vídeos sobre "história do Brasil" chamada "A Última Cruzada" e logo no primeiro episódio eles colocam como origem do Brasil, adivinhem só? A INVASÃO DOS SUEVOS E VISIGODOS NA PENÍNSULA IBÉRICA, que daria origem ao futuro reino de Portugal nos séculos vindouros. Visigodos eram uma das tribos germânicas bárbaras que dominou dentre outros territórios parte de onde hoje é Portugal e estabeleceram a base dos reinos feudais que durariam até a invasão muçulmana. Ou seja, os próprios conservadores estão dizendo que sua origem é o homem branco germânico pagão, e não o cristianismo ou a filosofia grega.

Perceba que o Cristianismo é uma religião ORIENTAL. A filosofia grega é um produto de uma cultura ORIENTAL (apesar de muitos dizerem o contrário, a Grécia antiga era culturalmente ORIENTE, muito mais próxima dos povos do oriente médio do que dos povos da parte ocidental do continente europeu). Como é que pode então esses conservadores ficarem dizendo serem a "civilização ocidental" e ficar defendendo "direito romano, filosofia grega e religião judaico-cristã"????

É porque sem os acréscimos do Direito Romano, os conhecimentos da Filosofia Grega e a estrutura da instituição IGREJA, leia bem, A IGREJA, esses povos jamais teriam sobrevivido a mongóis, árabes ou até mesmo uma hipotética expansão chinesa, budista, taoísta, confucionista. Quem fez a Rússia subsistir ao governo mongol foi a igreja ortodoxa. Ou seja, trata-se de uma barganha de interesses puramente egoístas: queremos a estrutura civilizacional da igreja cristã mas sem perder nossos bons e tradicionais costumes bárbaros.

O homem branco cristão germânico então tem o direito de ir ao prostíbulo, desde que confesse antes de comer a eucaristia. Ele pode até mesmo estuprar desde que seja defendendo a cristandade. Ele pode matar e roubar, desde que seja para o crescimento da igreja e do evangelho de nosso senhor jesus cristo.

Você não percebe que isso ainda existe hoje? 

Quem é o conservador cristão que está lutando contra "o marxismo cultural"? Ora, é o pai de família que vai no puteiro, dá o cu pra travesti de madrugada, vai na igreja uma vez na vida outra na morte, tem em casa a biblia aberta no salmo 91 e nunca lê. Ataca homossexuais, ataca feministas, ataca hereges, diz que hindus adoram deuses pagãos, diz que Maomé era um lixo e que o Islã não vale nada, o que é tudo isso senão o bárbaro selvagem pagão exteriormente convertido ao cristianismo mas que continua sendo um bárbaro germânico que NUNCA vai abrir mão de seus costumes?

Ele deve estar no poder! Ele é a Lei, o Costume, a Ordem. Ele diz a sentença e sua sentença se torna precedente e norma social. Ele se converteu ao cristianismo, se casou com uma branquela mulher cristã, mas não deixou o costume bárbaro de ter várias mulheres, por isso ele trai a sua esposa nos bordéis da vida, se aventura com travestis e até tem relações homossexuais por aí.

Se o comunismo não conseguiu destruir costumes e valores milenares da China, se há mais de 5 mil anos que o sistema de castas funciona na Índia, se o Islã não conseguiu islamizar o povo da Pérsia (Irã) até hoje, se a Espanha não modificou substancialmente o modo de vida dos Incas e seus descendentes (quechuas) até hoje no Equador, Peru e Bolívia, será que a corrupta igreja medieval conseguiu mudar costumes dos bárbaros germânicos? É claro que não, ela muitas vezes nem quis isso e sim se aliou a eles!

Permanece no subconsciente essa tendência.

Eu gosto muito de uma banda chamada Rhapsody of Fire, cujas composições são histórias de uma saga de fantasia criada pelo grupo no estilo O Senhor dos Aneis. Em uma música chamada When Demons Awake, a letra diz assim:

Mortos e vampiros cuspem do inferno ...

É a nova legião do senhor dos condenados

A vingança dos deuses, logo suas cabeças rolarão

Oh, portador do caos ... você vai pagar por tudo!

Chuva de entranhas ao meu redor, irmãos mutilados

Oh, rostos desfigurados, exército voador e ossos

Foda-se seu bastardo sangrento, alma estuprada pelo demônio

Morra no esquecimento com seus filhos de merda


Eu sou o guerreiro nórdico

Caçador de mortos em marcha

Eu sou a mão sangrenta dos tiranos

Quando ... quando os demônios acordam!


Consciente ou inconsciente na hora de escrever essa história, os membros da banda escolheram como o personagem principal um branco e loiro guerreiro nórdico, o Guerreiro de Gelo, destinado a empunhar a Espada Esmeralda a fim de cumprir a profecia e o chamado de destruir Akron, o senhor das trevas, que tem tocando o terror pelas terras nativas e causando muita morte e destruição. A história é muito legal mas, perceba, é sempre um guerreiro nórdico, de traços germânicos, o herói, seja numa história de fantasia num disco de Heavy Metal, seja num vídeo ridículo que pretende contar a "história do Brasil" (?????) num canal de YouTube baseado em teorias da conspiração e fascismo.

É porque ISTO é a "civilização ocidental" que os neofascistas bolsolavistas querem tanto defender. Não é o cristianismo, nem a filosofia grega, nem a cultura judaico-cristã, nem o direito romano: É A MANUTENÇÃO DO STATUS DE ELITE POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL DE HOMENS BRANCOS, EUROPEUS, PSEUDO-CRISTÃOS, PSEUDO-MORALISTAS, PSEUDO-CONSERVADORES.

Quando eles dizem que são "conservadores", não é a moral verdadeiramente evangélica que querem "conservar". Eles querem conservar o seu PODER CULTURAL, SOCIAL, POLÍTICO E ECONÔMICO. Eles vão no puteiro transar com prostitutas e na esquina dar o rabo para travestis. ISTO é o "cidadão de bem" cristão conservador bolsolavista. Sem falar em vícios como cigarros, charutos, bebidas e tudo mais.

E é daí que se entende porque eles tem tanta ojeriza do islamismo. Realmente, se eles fossem mais honestos consigo mesmos, era melhor se converterem ao Islã para transar com várias mulheres licitamente (se casando com elas) e sendo patriarcas opressores de uma família muçulmana. Porque tanta implicância com o islã? Por serem bons cristãos defensores do ocidente e do evangelho? É óbvio que não. Esses projetos de vikings do século 21 sabem que dizer somente Alá é Deus e Muhammad é seu profeta é dizer: o homem branco e europeu deve se submeter a um homem moreno da Arábia, sua língua e seus costumes. Eles não suportam nem as imagens antigas e bizantinas de Jesus como um semita de pele bronzeada e cabelos ondulados e grossos, usam as imagens do branquelo e germânico Jesus ocidental, loiro e de olhos azuis.

Percebe que aceitar o Islã é aceitar a autoridade de uma civilização estrangeira e de um povo de fenótipos bem diferentes? O cristianismo que eles aceitaram foi o romano, branco e europeu, muito diferente do cristianismo semita e moreno da Palestina. O cristianismo deles não é oriental, pois os orientais são dominados pelos russos e pelos gregos, que são cismáticos hereges. A igreja bizantina ortodoxa no passado foi dominada pelo Estado grego bizantino. Já a igreja ocidental foi expandida sob o patrocínio dos guerreiros germânicos, que impuseram seus costumes bárbaros na europa ocidental mesmo se convertendo ao "cristianismo" torto que professavam. Abdicar do poder feudal para se tornar súdito de um imperador bizantino, que mais vive no Egito e na Ásia Menor do que em Roma? 

O que eles chamam de "a civilização ocidental" era esse prestígio que possuíam e que está se esvaindo lentamente. Por isso são contra todas as pautas dos movimentos da nova esquerda cultural e chegam a chamar as maiores empresas capitalistas e exemplos perfeitos de burguesia de "globalistas" e "comunistas".

Se a civilização ocidental é cristianismo, direito romano e blablabla, porque não vemos índios e negros na liderança desses movimentos a favor da "família"? Porque a família é branca? Não se pode ter família ameríndia? A mulher negra retinta larpando de fenótipos bantu na cara não pode ser representante do "povo brasileiro de bem"?

Essa gente é doente, hipócrita e imunda. Nesses podres protestos bolsonaristas não falha nunca, sempre tem uma loira oxigenada de meia idade, um velho que xinga o PT de ladrão mas rouba também cometendo todo tipo de atos ilícitos e contravenções visando lucros e ganhos pessoais egoísticos.

Essas pessoas admiram enormemente séries anticristãs e recheadas de cenas de extrema violência e nudez/sexo explícito como a série Vikings da emissora History que debocha, humilha e escarnece de tudo que é cristão, colocando reis cristãos e padres como criaturas patéticas e exalta o paganismo nórdico como coisa maravilhosa. Como pode um cristão seguidor do evangelho adorar uma série como essa, absolutamente anticristã? Pode! Porque exalta a Europa pagã, exalta o guerreiro nórdico, o guerreiro de gelo, estuprador e assassino, branco, loiro, defensor do ocidente contra os invasores do oriente. Que belo! Abaixo uma cena dessa série, onde um rei cristão é morto pelos vikings. A quantidade de cristãos conservadores do bem que vibrou com essa cena de tortura feita por pagãos contra um rei cristão é chocante. Não vimos mesmo acima o "brasil paralelo" exaltando a invasão bárbara visigoda? Pois é isso que estão exaltando:



Lembremos do caso do empresário de Alphaville e seu desacato contra policiais: se fosse um preto na periferia já estava morto, mas é um velho branco e rico, logo a polícia fica quietinha. Os bárbaros e selvagens: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/empresario-xinga-e-ameaca-pm-em-alphaville-apos-queixa-de-violencia-domestica,f69d35c991dcfeb75506600c5d1e7d614k9fa1uo.html