MÉTIS (PRUDENTIA, NA MITOLOGIA ROMANA), DEUSA GREGA DA ASTÚCIA, PRUDÊNCIA, PROTEÇÃO, SAÚDE E SABEDORIA. SEUS ATRIBUTOS FORAM ASSIMILADOS NA DEUSA SOPHIA DOS GNÓSTICOS.
- Os movimentos Messiânicos do judaísmo no século 1, dentre os quais está o movimento de Jesus, o Galileu.
- A guerra revolucionária dos Setianos gnósticos contra as Autoridades e o deus único Monoteísta
- As comunidades alternativas dos Batistas, Elcasaítas, Mandeus e Barbelonitas
- A Revolução Cultural subversiva dos Valentinianos entre as classes altas
- A revolução política e social do Maniqueísmo na pérsia sob o patrocínio do imperador Shapur I
- A Primeira Revolução Socialista na Pérsia causada pela religião gnóstica Mazdakismo apoiada pelo Rei Kavadh I
- Os Khurramitas islâmicos, sucessores de Mazdak, revolucionários sociais na Pérsia islâmica
- As Rebeliões da Seita do Lótus Branco e das Religiões Milenaristas Budistas, de origem Maniqueísta, que convulsionaram a China com sua rebelião social em busca de Liberdade e Justiça Social, contra valores conservadores e opressão dos camponeses pela elite corrupta.
- A revolução cultural, política e social dos Cátaros no sul da França
A REVOLTA CONTRA O SISTEMA POLÍTICO
Onde tem gnósticos, tem revolução social e ideias de igualdade, justiça e participação popular no governo e nas leis. Mas por quê? Qual a raiz disso?
As raízes mais remotas estão na resistência politeísta dos originais Judaítas e Israelitas contra os sacerdotes monoteístas do Templo de Jerusalém querendo forçar uma religião nova e falsa sobre um povo antigo e tradicional, como vimos no Livro de Jó: https://gnosedesi.blogspot.com/2023/04/o-livro-de-jo-e-revolta-contra-o-status.html
Podemos até teorizar que a figura da Sophia é uma repaginação com temas gregos da antiga deusa Asherah. Afinal, no Mito de Sophia clássico, é assimilado o mito da deusa Inanna ao mundo dos mortos, no gnosticismo sendo realizado pela Queda de Sophia no mundo material. Os astros e deuses do mito de Inanna são transformados nos Arcontes. A própria astrologia babilônica é assimilada, mas reinterpretada. Se esses judeu-cristãos gregos assim fizeram, como os Mandeus, com as mitologias da Babilônia, porque não também assimilaram as mitologias cananeias, que afinal eram suas? Eu realmente acho que a figura de Sophia é uma criativa criação baseada nos antigos mitos do Oriente, suas deusas livres e guerreiras.
Mas como tornar mitologias antigas usadas para justificar classes dominantes e hierarquias sociais em textos revolucionários e até mesmo proto-socialistas, pregando justamente O OPOSTO dessas mitologias antigas? Seria isso possível? Pegar um texto conservador e transformá-lo em revolucionário???
Sim, e temos exemplos bem modernos disso.
Ora, leia O Príncipe de Maquiavel. Essa obre foi escrita para ajudar um governante a governar. Mas, é um dos maiores manuais de política contra monarcas. É um texto subversivo e um dos pilares da moderna Ciência Política. Enquanto Maquiavel dá dicas de como o governante deve agir para controlar a sociedade, o tal "maquiavelismo" político, frieza e inescrupulosidade, na verdade ensina o leitor o que é o político e como funciona as artimanhas do governo. Se tornou uma obra revolucionária, adorada pelos Iluministas e revolucionários de todo tipo!
Outro exemplo: Leviatã, de Thomas Hobbes. O jovem contratualista conservador escreveu um dos melhores livros que já estudei na vida. O Leviatã simplesmente abriu meus olhos para um monstro que nos ronda e nos devora a todos: o Estado! Escrito originalmente para estudar "proto-sociologicamente" essa instituição invisível e visível que nos cerca, Hobbes causou alvoroço ao tornar o Rei nu, tirar as vendas dos nossos olhos sobre o Estado. Para quê serve o Estado? Para quem existe o Estado? Para o povo? Ou para as elites? Quem o controla? É controlável? É livre e faz o que quer? Ou existem forças políticas por trás desse monstro, se passando por legítimas? Ao defender um Estado controlador e centralizados, Hobbes nos demonstrou quão terrível um Estado pode ser. Sua obra se tornou um dos livros mais lidos da Revolução Francesa e todo cientista social que se preze já leu e estudou.
Mas o exemplo mais próximo do Gnosticismo é o mais chocante e o mais revelador: A República de Platão.
Como é que pode um texto escrito para ensinar à elite da Pólis grega como deve ser uma "sociedade perfeita" - com o Rei-Filósofo controlando tudo e todos, as classes sociais muito bem definidas e delimitadas, as castas sociais, a educação, a cultura, a transmissão de conhecimento. Tudo perfeitinho e no seu lugar, o mundo perfeito para a aristocracia grega - ser revolucionário?
Ora, o trecho da República encontrado entre os escritos gnósticos de Nag Hammadi é revelador. A passagem do Leão mostra o que mais interessava aos gnósticos na obra... Serpente com cara de leão é um dragão, é o Demiurgo de Platão assimilado pelos gnósticos. É isso o que mais interessa aos gnósticos na obra de Platão. O Criador do mundo. Na obra de Platão, o Demiurgo é bom. Nos mitos gnósticos, ele é MAU!!!
Os gnósticos entenderam que a República na verdade estava ensinando como os governantes usam a mitologia e a cultura para criar sociedades de castas, aristocracias com privilégios, governos autoritários, opressivos e justificativas da escravidão. Ora, uma obra dessas só pode ser criado Diabo, não de um Deus bom! Um mundo cheio de injustiças é criação de um deus Mau, jamais bom!
Então, os gnósticos, alunos na Academia de Platão, judeus de nascença mas politeístas no coração, praticantes de magia, astrologia, mestiços e sincretistas cultural e religiosamente, influenciados pelo movimento messiânico, criaram o Mito de Sophia para responder à República de Platão e mostrar que o deus criador é um demônio e sua obra um verdadeiro inferno.
Platão justifica a hierarquia social aristocrata com a Teoria das Ideias. Segundo ele, há uma hierarquia do Uno ao Múltiplo e, memso no mundo inteligível, as ideias superiores são mais puras e elevadas que ideias inferiores. Essa hierarquia é presente inclusive na diferença entre o mundo das Ideias e o mundo material, o inteligível e o sensível. Como no Plano das Ideias há hierarquia, então no plano sensível deve também haver hierarquia e no topo está o Monarca Filósofo. Somente crianças da classe mais alta merecem educação, pois, como na Índia, Platão defende um sistema de castas dividido entre povo, guardiães e governantes, e uma casta jamais se mistura com outra:
"Logo, a sociedade ideal de Platão é uma aristocracia, ou o governo por uma classe particular. Essas três classes alegavam ele, permanecerão em larga medida inalteradas graças à hereditariedade, mas testes especiais iriam promover algumas pessoas e rebaixar outras. Como é perfeita, essa sociedade nunca vai mudar: uma vez atingida a perfeição, a mudança só poderia ser para pior. Platão afirma que as pessoas da sua república aprenderão um “magnífico mito”: passarão a crer que, quando Deus as criou, misturou ouro aos dirigentes, prata aos militares e bronze aos trabalhadores. Por conseguinte, em uma ou duas gerações as pessoas passarão a crer que têm uma posição natural ou dada pelos deuses na sociedade. O propósito deste mito é conferir estabilidade ao Estado."
Só que, ao escrever essas imbecilidades, Platão acabou ensinando pra todo mundo como pensa a aristocracia, a Monarquia e os sacerdotes religiosos. A sociedade perfeita deles é O INFERNO para a população!
A TEORIA DAS IDEIAS DE PLATÃO NO GNOSTICISMO
Os Gnósticos assimilaram a Teoria das Ideias de Platão. Mas as consequências dela no Gnosticismo são o contrário das consequências dela no Platonismo.
O Mundo Inteligível de Platão é hierárquico. Já o Mundo Inteligível dos gnósticos não. No gnosticismo a Realidade Inteligível é o Pléroma, a Plenitude de Deus. Lá não há diferenças, nem hierarquias: Todos são UM com Deus, todos são irmãos, iguais e Deuses! O Uno é Igualdade, não hierarquia.
Ora, é lógico: se o Plano das Ideias é Uno e todos são iguais, e o modelo pelo qual o mundo material deve seguir, então devemos, como Platão, transformar o mundo material e sensível para que se aproxime do Mundo Inteligível das Ideias. Como no Gnosticismo, o Pléroma é Todo Uno e sem hierarquias, logo o mundo sensível deve ser uno e sem hierarquias. Se quisermos transformar realmente esse mundo em algo Bom e próximo de Deus e do Pléroma, devemos literalmente elevar esse mundo a Deus e ao Pléroma acabando com as desigualdades sociais, as hierarquias, os privilégios das classes dominantes, a escravidão e a exploração dos pobres, pois assim é no Reino dos Céus, onde todos são Deuses.
A TRANSMIGRAÇÃO DE ALMA, OS RENASCIMENTOS E O BUDISMO
Toda essa rebeldia contra o Estado e as Autoridades parece ser contraditória com as doutrinas da Alma. Mas não. É justamente o contrário.
Já falamos muito sobre as relações entre Budismo e Gnosticismo. São religiões extremamente parecidas. Mas por quê não houve revolução social no Budismo, nem no seu início com o próprio Buda, nem depois? Ora, porque o Budismo não é revolucionário, nunca foi. Só existiu revolução no Budismo quando esse foi influenciado pelo Gnosticismo.
O Gnosticismo em geral prega a crença na transmigração de almas. Mas, na Gnose, ela ocorre entre mundos, enquanto no Budismo ela ocorre também nesse mundo. Os mesmos conceitos são tratados de forma diferente nas duas religiões, vejamos alguns exemplos:
TRANSMIGRAÇAO DE ALMAS
- Gnosticismo: Existem Almas e elas migram por mundos e universos de acordo com sua iniciação ou não na Gnose e seu nível de aprofundamento na Gnose.
- Budismo: Não existe alma mas uma espécie de continuum vital que transmigra em várias existências de acordo com seu esforço no Dharma e em seguir os preceitos do Buda.
ILUMINAÇAO
- Gnosticismo: conhecimento (gnose) e reconhecimento da sua natureza, o por quê de estar no mundo, a situação da Alma diante dos arcontes e sua coragem em se livrar delas lutando contra as forças do Demiurgo.
- Budismo: alcançar o estado de Buda (Bodhi) e se livrar dos sofrimentos mentais, do apego à mente e suas armadilhas. Total libertação dos apegos mentais e sensíveis.
COSMOGONIA
- Gnosticismo: o mundo é uma criação de um deus mal, que age pelos seus arcontes (autoridades políticas, aristocratas, elites, governantes e sacerdotes). A alma está aprisionada aqui e para se libertar precisa lutar contra eles e transformar o mundo em um reino de Igualdade. O mundo é ruim porque o criador é um demônio que acha que é Deus. É preciso destruir seu poder e libertar o mundo de seu domínio.
- Budismo: o mundo é uma concatenação de causas e consequências e os seres humanos precisam se livrar do sofrimento através de exercícios mentais e boas ações. O mundo assim o é por causa do carma das ações passadas das pessoas. Essa doutrina do carma é facilmente utilizada para justificar as castas sociais, do tipo: você é pobre porque tem mau carma e fez o mal em vidas passadas, portanto deve aceitar sua pobreza para renascer como um rico na próxima vida.
SACERDÓCIO
- Gnosticismo: todos são sacerdotes e devem ter os mesmos direitos de praticar rituais, pregar, rezar, aprender a magia, astrologia e etc. Não há hierarquia.
- Budismo: somente os Monges tem autoridade para ensinar e transmitir o Dharma. Os leigos devem alimentar e sustentar os monges, que são autoridades religiosas e devem ser obedecidos com respeito. Há hierarquia entre monges e leigos e mesmo entre os próprios monges, homens e mulheres.
Ou seja, o Budismo não é, nunca foi nem nunca vai ser revolucionário. Buda nunca quis mudar a sociedade no sentido político, econômico e social. Afinal, ele era príncipe. Ele acreditava que o sofrimento das pessoas vinha de seus estados mentais, e não da sociedade de castas, da corrupção, da hierarquia social, da aristocracia ou dos reis.
O Budismo é muito parecido, no que se refere às práticas místicas e psicológicas, ao Gnosticismo mas esse último tem algo que o Budismo não tem: o Mito de Sophia e a Teoria das Ideias de Platão.
O Budismo é como Paulo: defende a autoridade do Império Romano e quer aliviar o sofrimento das pessoas com orações e cânticos.
Já o Gnosticismo é como o Movimento de Jesus Histórico: ODEIA as autoridades políticas e religiosas e quer aliviar o sofrimento das pessoas através da Revolução Social e Política.
Outros dois textos que foram escritos para defender uma causa mas, quando lidos, dão conhecimento e informação aos revolucionários são "Os Seis Livros da República" de Jean Bodin e o maravilhoso "A Política Resultante da Sagrada Escritura" de Bossuet. Os dois ferrenhamente tentaram defender a Monarquia. Bossuet escreve belamente e é gostoso de ler seus argumentos incrivelmente lógicos. Mas, como disse a um ex colega de classe, "a beleza dos argumentos de Bossuet a favor da Monarquia religiosa me fez foi ter ódio de todos os Reis, porque é tudo uma fantasia delirante que mistura Mitologia e Política para justificar que um velho rico tenha poder absoluto sobre todas as pessoas. É doentio". Esse colega nem quis ler a obra, dado o nojo que tem do Antigo Regime.
Mas, um texto ganha de todos. É absoluto o melhor e mais completo tratado revolucionário e anti-conservadorismo que já existiu. Chama-se A Bíblia. Essa coleção monstruosa das ações do pior político que já existiu, o Deus Yahweh do Templo de Jerusalém, mostra o máximo de psicopatia que alguém é capaz de conceber e ser. O livro do maior monstro e demônio que já existiu, o maior assassino de todos os tempos, nos ensina direitinho como o Sacerdote, especialmente o sacerdote das religiões Monoteístas, pensa e age para ter poder.
Em suma:
O Príncipe de Maquiavel nos ensina como os políticos manipulam as pessoas pelo poder.
Leviatã de Hobbes nos ensina como o Estado nos controla por todos os lados e é um verdadeiro monstro.
A República de Platão mostra como a aristocracia deve usar religião e mitologia para criar uma sociedade estanque de classes.
Jean Bodin e Bossuet nos mostram as ideias doentias da Monarquia e porque eles são vermes desgraçados que merecem a morte.
E finalmente, A BÍBLIA nos mostra porque todos os sacerdotes, pastores, padres, bispos do zoroastrismo, judaísmo, cristianismo e islamismo são demônios do inferno, estupradores, pedófilos, assassinos, genocidas, monstros e como fazem lavagem cerebral para dominar a mente da população e escravizar toda a sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário