Essa série não trata de Judá! O Reino de Judá surge depois, de cultura diversa, mas parecida com a de Israel. É outro e diferente reino que só vai se desenvolver com a destruição total de Israel pela Assíria no século VIII a.C. Toda a história bíblica de Israel ser um reino unido sob Davi em Jerusalém é pura ficção, uma novela baseada em elementos históricos totalmente falsa.
Os relatos bíblicos sobre o surgimento de Israel não correspondem à realidade histórica. Ainda assim, em vários textos bíblicos, seja nas camadas Pré-Sacerdotais, seja no Escrito Sacerdotal Básico (P, espalhado em Gênesis e Exodo), seja na Obra Historiográfica Deuteronomista (DtrG = Deuteronômio, Josué, Juízes, Samuel e Reis), é possível extrair pequenos conjuntos de textos que trazem relatos dos primeiros dias do Reino de Israel, relatos modificados e adequados pelo Deuteronomista. Nomes de reis e cidades são trocados, inventados e adulterados, datas são inventadas artificialmente, localizações e até povos que nunca existiram são inventados e etc, mas os eventos básicos acabaram ser confirmados pela arqueologia.
Em outras palavras: por trás das falsas histórias do texto bíblico é possível extrair conhecimentos de fatos reais! Por exemplo, a guerra de Saul contra os Filisteus relatada em 1 Samuel na verdade é a guerra da Unidade Política de Gabaon-Betel (proto-Israel) contra o Faraó egípcio Shenshonq I, e não há prova alguma que Saul tenha existido, podendo ele ser simplesmente um personagem criado pelo Deuteronomista baseado em lendas dos primeiros reis dos Habiru que unificaram as tribos das Terras Altas de Canaã (área montanhosa do centro da Palestina) e passaram a se expandir, anexando cidades-estado cananeias e ferindo a hegemonia egípcia na região.
Outro caso: José no Egito e Moisés parecem se lembrar o tempo dos Hicsos, cananeus que ocuparam pacificamente o Egito Ocidental Norte mas se tornaram em tão grande número e poder econômico que alcançaram o poder no Egito após revoltas, tendo Faraós Hicsos , sem se misturar étnica e culturalmente com os egípcios e que depois foram expulsos do Egito. Assim, a história de José é parcialmente influenciada pelas lembranças da ocupação pacífica dos Hicsos no Egito enquanto a história de Moisés relata parcialmente a expulsão dos Hicsos do Egito.
Nomenclatura: ISRAEL NORTE é a forma mais adequada para se falar desse antigo e verdadeiro Israel, o original. Isso porque "Israel" é usado depois pelo Pentateuco e toda a história para se referir ao Israel fictício e idealizado da Bíblia, bem como para se referir ao moderno Israel. O Israel Norte é mais adequado para se referir ao Israel original pois se originou nas Terras Altas do centro-norte de Canaã, acima de Jerusalém, fora dos territórios do sul que formarão o Reino de Judá depois.
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Os Períodos de Canaã
Para verificar a origem de Israel serão usados os dados das seguintes Idades ou Eras pelas quais Canaã passou. Antes disso não interessa pois ultrapassam os relatos bíblicos e nos interessa as afirmações bíblicas:
Bronze Tardio III: século XII até cerca de 1130 a.C.
Ferro Antigo I: final do século XII e primeira metade do seculo XI a.C.
Ferro Tardio I: segunda metade do século XI e primeira metade do século X a.C.
Ferro Antigo II: últimas décadas do século X e início do século IX a.C.
Ferro Tardio IIA: restante do século IX e início do século VIII
Ferro Tardio IIB: restante do século VIII e início do século VII a.C.
Vou usar dois artigos da Wikipedia, um da Wiki em inglês e outro da Wiki em francês, mas sabendo que tudo o que está nesses artigos pode ser encontrado na bibliografia usada e/ou indicada por mim, em vermelho os mais importantes. A principal que estou usando são as duas primeiras de Israel Finkelstein:
FINKELSTEIN, Israel. O REINO ESQUECIDO: ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA DE ISRAEL NORTE.
FINKELSTEIN, Israel. A Bíblia desenterrada: A nova visão arqueológica do antigo Israel e das origens dos seus textos sagrados
SICRE, José Luís. Introdução ao antigo testamento
SELLIN, Ernst; FOHRER, Georg. Introdução ao Antigo Testamento: volume 1, Livros históricos e códigos legais
ZENGER, Erich et al. Introdução ao Antigo Testamento
SKA, Jean Louis. Introdução à leitura do Pentateuco. Chaves para a interpretação dos primeiros cinco livros da Bíblia
SKA, Jean Louis. Antigo Testamento 1. Introdução
RENDTORFF, Rolf. Antigo Testamento: Uma introdução
GARCIA LOPEZ, Félix. O Pentateuco. Introdução ao estudo da Bíblia
ALTER, Robert; KERMODE, Frank. Guia literário da Bíblia
AMSLER, Samuel et al. O Pentateuco em questão: as origens e a composição dos cinco primeiros livros da Bíblia à luz das pesquisas recentes
CRÜSEMANN, Frank. A Torá: teologia e história social da lei do Antigo Testamento
GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliteráriaà Bíblia hebraica
GOTTWALD, Norman K. As tribos de Yahweh: Uma sociologia da Religião de Israel Liberto, 1250-1050 a.C.
TOSAUS ABADIA, José Pedro. A Bíblia como literatura
TREBOLLE BARRERA, Julio C. A Bíblia judaica e a Bíblia cristã: introdução à história da Bíblia
LIVERANI, Mario. Para além da Bíblia: História antiga de Israel
LIVERANI, Mario. Antigo Oriente: História, Sociedade e Economia
MAZZINGHI, Luca. História de Israel das origens ao período Romano
KAEFER, José Ademar. Arqueologia das terras da Bíblia.
KAEFER, José Ademar. Arqueologia das terras da Bíblia II: Entrevista com os arqueólogos Israel Finkelsteine Amihai Mazar
ZABATIERO, Julio Paulo Tavares. Uma história Cultural de Israel
A criação e o diluvio segundo os textos do Oriente Médio Antigo. Documentos da Bíblia 7. Paulus: São Paulo.
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ALÉM DISSO EU INDICO MUITO QUE ACESSE AS PUBLICAÇÕES DA UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO (EVANGÉLICA, IGREJA METODISTA) E SEU PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ARQUEOLOGIA BÍBLICA, TEM MUITOS ARTIGOS INCRÍVEIS DOS MAIORES DOUTORES EM TEOLOGIA DO MUNDO:
http://portal.metodista.br/arqueologia/apresentacao
BEM COMO OS ARTIGOS DA REVISTA DE PÓS GRADUAÇÃO EM TEOLOGIA DAS FACULDADS EST (IGREJA EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA)
http://revistas.est.edu.br/index.php/ET/
# Livros de teologia das editoras católicas PAULUS, PAULINAS, LOYOLA.
# Os vídeos do canal do Doutor Osvaldo Luiz Ribeiro, Doutor em Teologia pela PUC-RJ de origem protestante Batista, a Tenda do Necromante, pessoa que eu MUITO ADMIRO, SIGO E RESPEITO, um verdadeiro Mestre: https://www.youtube.com/c/ATENDADONECROMANTEOsvaldoLuizRibeiro
# O Site do professor Airton José da Silva, importante biblista brasileiro, site que já usei muito aqui no blog pra tirar pesquisas sobre os Essênios, Apocalíptica e a influencia da cultura grega nos livros da Sabedoria bíblica: https://airtonjo.com/site1/ e https://airtonjo.com/site1/historia.htm
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CANAÃ
- Canaã no Bronze Tardio II (Séc 12 até 1130 a.C.); Sistema de CIDADES-ESTADO dominadas administrativa e militarmente pelo Império Egípcio.
- Cidades-Estado: unidades políticas que dominavam ao redor de si vilarejos e zonas rurais. Geralmente tinham um governante Monarca (Rei) e chefes militares assistidos por sacerdotes hierarquizados e/ou Profetas (Xamãs, adivinhos, feiticeiros)
- Habiru: confederações de tribos constituídas de pessoas fugitivas (escravos, bandidos, foras da lei, milicianos, soldados livres, povos sem causa e sem nação) das cidades-estados cananeias que ocuparam as Terras Altas e as intercessões periféricas das cidades-estados de Canaã, bem como desertos do Noroeste Árabe (terras de ninguém, desprezadas pelos grandes impérios e onde as cidades-estado não tinham poder).
- Os Habiru dos desertos do sul de canaã eram comerciantes beduínos além de mercenários, assaltantes e bandidos e foram muitas vezes contratados do Faraó para combater inimigos e trabalhar nas lavouras. Egito não tinha a escravidão como base de sua economia mas regimes de contratos e corvéia. Segundo os relatos egípcios, os Habiru do sul e os Shasu adoravam um deus chamado Yahu, a divindade que penetrará Canaã e será conhecida como Yahweh/Javé.
CIDADES-ESTADO DE CANAÃ
- Queda da cidade-estado de Siquém pelos Habiru/Apiru é lembrada e reinterpretada em Juízes 9: a história de Abimelec. A destruição de Siquém faz surgir uma Unidade Politica de Habiru nas Terra Altas (centro-norte de Canaã)
- Juízes 9: Abimelec nunca foi Juiz nem Rei de Israel. Abimelec foi escolhido rei da cidade-estado de Siquém e era um cananeu. Esse relato é de uma época que Israel não existia.
- Juízes 9,26-41 - Atividade de Habiru nas TERRAS ALTAS: esse relato tem origem antiga e relata sobre a atividade de Habiru nas Terras Altas antes do estabelecimento da Monarquia. Gaal, filho de Obed, é um típico Habiru.
- Fim da hegemonia egípcia sobre as cidades-estado do Norte entre 1193 a 1113 a.C.
- Durante todo o século 12: sequência de destruição das cidades-estado do Vale de Jesrael pelos Habiru.
- Onda de assentamentos urbanos nas Terras Altas faz nascer o Israel primitivo. Expansão agrícola, excedente produtivo faz a Unidade Política das Terras Altas almejar expansão e anexação das outras cidades-estado.
- Narrativa da Conquista de Canaã e livro dos Juízes: é uma criação Deuteronomista com uso de mitos, lendas, contos e tradições etiológicas para transmitir a ideologia da Monarquia tardia (século 7).
- Jeremias 7,12.14; 26,6.9 traz memórias vagas da destruição da cidade-estado de Silo em 1050 a.C, e uma polêmica contra um santuário cananeu de Israel Norte que vai ser assimilado como santuário de Yahweh.
- Meguido: cidade-estado da Nova Canaã (Nova Canaã foram as cidades-estado fortificadas e prósperas que sobreviveram à onda de ataques Habiru e disputas internas na Idade do Ferro I. Velha Canaã = Bronze Tardio I e II.
- Juízes 5 (O Canto de Débora) e a história da Morte do Rei Saul na batalha contra Filisteus ( 1 Samuel 31) são modificações de relatos do surgimento de Israel nas montanhas (Terras Altas centrais).
- Israel surge da sedentarização de Habiru nas Terras Altas. Essa sedentarização causa aumento da produção agrícola e necessidade de novas terras, daí que a unidade política das terras altas, que começa a se chamar Israel em referência à divindade cananeia El, se unifica não como uma cidade-estado mas como um Reino. De Habiru (Hebreus) eles se tornam Israelitas.
TEORIA DO REASSENTAMENTO, A MAIS ACEITA PELA ACADEMIA, E SUAS PROVAS POR ISRAEL FINKELSTEIN
- 1990 até hoje - Teoria do reassentamento
Esta é uma teoria de Yohanan Aharoni, desenvolvido principalmente por Israel Finkelstein e William G. Dever .
O modelo baseia-se na ideia de que a população que se instalou em Ferro I é uma população indígena, descendente da população cananéia do final da Idade do Bronze. I. Finkelstein baseia-se na semelhança da cultura e dos estilos de vida da Idade do Bronze Final com os de Ferro I, e também no fato de que as cidades do Norte redescobriram uma cultura cananéia no século X. A continuidade das culturas mostra que a população sedentária já estava presente na Palestina no final da Idade do Bronze.
Finkelstein faz a conexão com um fenômeno semelhante no Bronze Médio II. Em tempos de crise (bronze intermediário em um caso, bronze recente no outro) a economia se volta para a criação de ovinos e caprinos e um modo de vida mais pastoril, enquanto em tempos de estabilidade (BM II, Ferro I) haveria uma tendência para agricultura irrigada e pecuária.
De acordo com W. Dever, os primeiros israelitas viriam do colapso da sociedade cananéia do final da Idade do Bronze. Eles teriam migrado das terras baixas da Palestina para as terras altas onde a arqueologia os encontra.
Para Finkelstein, isso é impossível. Segundo ele, as populações expulsas das cidades cananéias no final do Bronze Médio seriam aquelas que se estabeleceram novamente no início do Ferro I depois de terem sido nômades durante a Idade do Bronze Tardio: a cultura cananéia declinou durante o século XVI , alguns encontraria refúgio nas regiões montanhosas da Galiléia. Mais tarde, no final da Idade do Bronze Final, começaria um processo de reassentamento e estaria na origem da população judaica.
De acordo com A. Mazar, as tradições cananéias são gerais para todas as populações de Ferro I e não apontam necessariamente para a origem cananéia de Israel . A Bíblia também descreve uma mistura cultural, com os israelitas adotando as tradições daqueles ao seu redor. Esta teoria de reassentamento está ligada à de um Israel emergindo de grupos nômades da Idade do Bronze tardia, como os Apiros ou os Shasous . No entanto, alguns shasous migraram para o Egito , como o bíblico Jacó . Em um documento egípcio, seu território é denominado Yahu.
A pesquisa arqueológica sobre a transição entre a Idade do Bronze Final e a Idade do Ferro em Canaã descreve a sedentarização de grupos que anteriormente seguiam um modo de vida pastoril semi-nômade. Esta pesquisa foi acompanhada de debates sobre as modalidades de aparecimento das sociedades “ proto-israelitas ”.
Vários aspectos do final da Idade do Bronze foram associados à origem dos israelitas:
- Populações nômades como os shasous e os apiros têm sido frequentemente mencionadas, mas é arriscado estabelecer uma ligação direta entre esses termos e os primeiros israelitas.
- Alguns locais de culto, como Shiloh e Beth-El, são usados pela população nômade das terras altas e especificamente mencionados na Bíblia como locais de culto para os israelitas.
Sedentarização dos primeiros israelitas em Ferro I (cerca de -1200 a -1000)
O conhecimento deste período deu um grande salto qualitativo com o “ levantamento regional ”, um método arqueológico que consiste num estudo estatístico regional, nomeadamente de prospecção de superfície, e não num estudo local, em particular de escavações. Eles permitiram destacar a sedentarização de uma nova população entre o final do século xiii e o século XI aC . Seus resultados estão expostos em um livro que marcou sua época, The Archaeology of the Israelite Settlement , escrito em 1988 por Israel Finkelstein. Dois estudos discutiram esses achados: Do Nomadismo à Monarquia: Aspectos Arqueológicos e Históricos do Primeiro Israel, bem como As Origens de Israel. Quando a Bíblia é Verdade , por William G. Dever.
Levantamentos arqueológicos realizados desde 1990 no Planalto de Canaã mostram, no início da Idade do Ferro, a sedentarização de pequenas comunidades de nômades que provavelmente começaram a cultivar cereais, sedentarização então marcada pelo surgimento de pequenas aldeias.
Esta sedentarização pode ter começado no final da Idade do Bronze Final (final do século XIII ou início do século xii aC), ser ampliada no Ferro Velho (final do século xii a meados do século xi ) para culminar no final do Ferro I (final do século xi e primeira metade do século x ). De acordo com Israel Finkelstein , existem cerca de 250 sítios no Planalto Central do Ferro tardio ocupando uma área de 220 hectares (ver mapa), em comparação com 30 sítios que ocupam uma área total de 50 hectares. hectares na Idade do Bronze Final. A uma taxa de 200 habitantes por hectare (densidade comumente aceita), essa população das Terras Altas é estimada em 45.000 habitantes. W. Dever tem 12.000 pessoas em torno de -1200, 55.000 no século 12 e 75.000 no século 11.Esta sedentarização é observada principalmente nas colinas centrais, mas também na Transjordânia ( 220 sítios no início do Ferro contra cerca de trinta no final do Bronze) e no Negev. No século xi a.C., continua na Galiléia ( Hazor XII , Dan VI ).
Anteriormente, segundo Israel Finkelstein, essa onda de assentamentos foi precedida por duas outras: uma primeira onda de assentamentos na Idade do Bronze Inicial (-3500, -2200), seguida pelo abandono da maioria dos sítios na Idade do Bronze Intermediária ( - 2200, -2000), depois uma segunda onda de assentamentos na Idade do Bronze Médio (-2000, -1550), seguida novamente pelo abandono da maioria dos sítios na Idade do Bronze Final (-1550, -1150). A terceira onda de implantação é realizada em um território praticamente esvaziado (só restam 25 sítios, veja o segundo mapa e compare com o primeiro).
A maior parte das primeiras áreas de ocupação que datam dos primórdios do Ferro I localizam-se a leste ( lado da Jordânia ), o que permite aos habitantes pastar os seus rebanhos de cabras e ovelhas ao mesmo tempo que iniciam uma actividade agrícola de trigo e cereais. Os povoados estendem-se então para oeste, menos favoráveis à pecuária, mas mais favoráveis ao cultivo da oliveira e da vinha. Desde o início, o desenvolvimento foi muito mais rápido na metade norte, mais regada e atravessada por vias de comunicação, do que na metade sul, seca e de difícil acesso. Iniciada na forma de pequenas comunidades rurais, esta última onda se desenvolve gradualmente em um sistema de pequenas aldeias, vilas de médio porte, para atingir os vales e formar grandes cidades.
As primeiras pequenas aldeias, que podem ser observadas quando as habitações posteriores não destruíram as ruínas, estão organizadas em oval, como acampamentos beduínos, testemunhando uma origem nômade: Izbet Sartah (veja abaixo), Beer Sheba , Tel Esdar . Posteriormente, algumas grandes cidades serão fortificadas. Na Idade do Bronze Médio, já existem fortificações imponentes em alguns locais: Silo por exemplo (veja abaixo).
Esta população utiliza muitos silos, aparecem cisternas e terraplanagens agrícolas, evidenciando a evolução agrária acompanhando a sedentarização.
Coloca-se a questão da continuidade deste período com o seguinte, Ferro II (a partir de -1000). De todos os sítios do Ferro I, apenas cinco mostram atividade contínua do Ferro I ao Ferro II: Jerusalém , Betel , Gibeão , Tell el-Ful e Tell er-Rumeideh . Esse abandono pode ser devido a uma estratégia econômica e ao medo dos filisteus ou corresponder ao aumento da população urbana de Sefelá e cidades litorâneas. De fato, a maioria dos sítios são abandonados em algum momento, temporária ou permanentemente, mas outros sítios estão se desenvolvendo e há uma evolução geográfica de toda a população de israelitas em Canaã : veja os dois mapas de densidade. Essa onda de assentamentos continuou continuamente em Ferro IIA (quando se formaram os reinos de Israel e Judá): pode, portanto, ser chamada de israelita. A população será então mista, composta em parte por israelitas e em parte por cananeus.
A COMPOSIÇÃO DE CANAÃ NO FINAL DA IDADE DO BRONZE (1550-1200 a.C.)
Descobertas arqueológicas descrevem a sedentarização em Ferro I (por volta de -1200) de grupos tribais que anteriormente seguiam um modo de vida pastoril nômade ou semi-nômade. Por causa desse nomadismo, não há evidências puramente arqueológicas dessa população antes de sua sedentarização. As populações nômades deixam poucos vestígios arqueológicos, ou nenhum, a menos que sejam mencionados em textos antigos. No final da Idade do Bronze (cerca de -1550 a -1200), Amenhotep III (cerca de -1391 / -1390 a -1353 / -1352) depois Amenhotep IV (-1355/-1353 a -1338/-1337), que exerceu o seu poder sobre Canaã , manter com os governadores das cidades-estados de Canaã uma correspondência abundante: este correio diplomático vindo de Canaã constitui a maioria das Cartas de Amarna (c. -1391 a -1337). Descreve com precisão o papel dos egípcios , cananeus e pessoas marginalizadas. Essas pessoas marginalizadas são, segundo Ann E. Killebrew, “os 'apiru e os shasou”. Os Apirou , em particular, são mencionados muitas vezes nessas cartas. É, portanto, toda a organização social da época que é descrita, e esta carta permitiu reconstruir com precisão a organização do território. Para isso, três fontes de informação foram cruzadas pela equipe de Israel Finkelstein : o conteúdo textual das tábuas de Amarna , a proveniência geográfica da argila de que cada uma é feita e as informações de campo obtidas por meio de escavações arqueológicas. A análise petrográfica detalhada para a parte norte de Canaã, de fato, tornou possível localizar geograficamente a proveniência das cartas (pelo menos daquelas feitas localmente). O cruzamento das três fontes de informação permite especificar o sistema de cidades-estado do norte de Canaã e traçar, para cada uma sem muita incerteza, a fronteira de sua zona de influência. Três guarnições mantêm a presença egípcia (ver mapa). Parece que nessa época ocorreram muitos problemas, que pessoas marginalizadas ([notadamente os Apirou) contribuem para isso, que o Egito não tem pressa em intervir tão longe dos eixos de comunicação, e que as cidades-estados do norte estão divididas entre uma coalizão pró-Siquém (da qual Labayou, rei de Siquém, é o líder ) e uma coligação anti-Siquém (ver mapa).
As Cartas de Amarna também dão uma boa visão geral das relações entre Canaã, Amur e Egito (veja ilustração ao lado). Às vezes, parecem ser um contrario da arqueologia, assim as cidades de Jerusalém e Laquis são descritas ali como cidades importantes enquanto as escavações arqueológicas não destacam uma cidade importante na época. Sichem era, na época, apenas uma cidade modesta, o que não a impediu de estender sua influência sobre um vasto território. Sobre este paradoxo, ver parágrafo da Entidade Arqueológica de Tirça abaixo . A presença do chamado Late Mycenae III A cerâmica em El-Amarna no Egito e em Canaã, permite datar os sítios arqueológicos e determinar quais estratos arqueológicos correspondem a este período histórico.
No final da Idade do Bronze Final, longe dos eixos de comunicação, o território organizava-se em “chefes dimorfos”, como lhe chamam os antropólogos. Israel Finkelstein explica: “Neste tipo de organização, uma única comunidade compartilha um vasto território no qual coexistem duas atividades econômicas: agricultura e pecuária. Os laços familiares formam a base de um sistema político no qual aldeões sedentários e pastores nômades vivem mais ou menos sob a autoridade do mesmo chefe de clã, dotado de personalidade forte, vivendo, com sua comitiva, em uma fortaleza central.
A sedentarização em Ferro I advém necessariamente de populações presentes na Idade do Bronze Final (cerca de -1400 a -1200) na região: a origem é local. Alguns locais de culto do final da Idade do Bronze, como Silo (veja acima) e Betel, são usados pela população nômade do final da Idade do Bronze das Terras Altas e são especificamente mencionados na Bíblia como um local de culto para os israelitas.
Entre essas populações, encontramos a população chamada Israel na estela de Merenptah . Outras populações nômades como os Shasou e os Apirou têm sido frequentemente mencionadas, mas esses são termos que determinam um papel social mais do que grupos étnicos.
OS HABIRU
ÁREAS DE ATIVIDADE HABIRU. PERCEBA QUE ELES ESTÃO ESPALHADOS EM TODO O CRESCENTE FÉRTIL MAS SE CONCENTRAM ENORMEMENTE EM CANAÃ! ELES SÃO TOTALMENTE CONECTADOS COM CANAÃ E SUA ORIGEM É CLARAMENTE CANANEIA, POIS FALAM LÍNGUAS CANANEIAS E HABITAM CANAÃ. OS HEBREUS DA BÍBLIA NÃO DEIXARAM QUALQUER VESTÍGIO EM NENHUM MOMENTO DA HISTÓRIA MAS OS HABIRU DEIXARAM MUITOS! LOGO, HEBREUS NUNCA EXISTIRAM, O QUE EXISTIRAM FORAM OS HABIRU. OS HABIRU ERAM AVENTUREIROS, NÃO SE SUJEITAVAM ÀS AUTORIDADES CANANEIAS NEM EGÍPCIAS E VIAJAVAM PELO CRESCENTE FÉRTIL EM BUSCA DE AVENTURAS E RIQUEZAS, MATANDO E ROUBANDO. ERAM LADRÕES, GUERREIROS, SALTEADORES E MERCENÁRIOS. ACEITAVAM SEREM CONTRATADOS COMO MERCENÁRIOS DE IMPÉRIOS E CIDADES E LUTAVAM EM BUSCA DE GLÓRIA E RIQUEZAS, SEM SE PRENDER A UM TERRITÓRIO NEM FORMAR UM PAÍS. NÃO ERAM UMA NAÇÃO MAS UM CONJUNTO DE TRIBOS SEMINÔMADES. ÁS VEZES ALGUNS HABIRU SE TORNAVAM REIS MAS LOGO ERAM DEPOSTOS. MORRIAM CEDO. FINALMENTE SE CANSAM DO BANDITISMO E ENCONTRAM NAS INABITADAS E ISOLADAS TERRAS ALTAS DE CANAÃ UMA FORMA DE VIDA SEDENTÁRIA E ABANDONAM O SEMI-NOMADISMO.
Habiru (às vezes escrito como Hapiru , e mais precisamente como ʿApiru , que significa "empoeirado, sujo"; Acadiano : 𒄩𒁉𒊒, ḫabiru ) é um termo usado em textos do 2º milênio aC em todo o Crescente Fértil para pessoas descritas como rebeldes, bandidos, invasores, mercenários , arqueiros, servos, escravos e trabalhadores.
Na época de Rim-Sin I (1822 aC a 1763 aC), os sumérios conheciam um grupo de nômades arameus que viviam no sul da Mesopotâmia como Habiru. A palavra Habiru, mais propriamente ʿApiru, ocorre em centenas de documentos do 2º milênio a.C., cobrindo um período de 600 anos, dos séculos 18 ao 12 a.C. e encontrados em locais que vão do Egito, Canaã e Síria, até Nuzi (perto de Kirkuk ). no norte do Iraque) e Anatólia (Turquia), freqüentemente usado de forma intercambiável com o sumério SA.GAZ, um equivalente fonético da palavra acadiana (mesopotâmica) saggasu ("assassino, destruidor").
Nem todos os Habiru eram assassinos e ladrões: no século 18 aC, um rei do norte da Síria chamado Irkabtum (c. 1740 aC) "fez as pazes com [o senhor da guerra ] Shemuba e seu Habiru", enquanto o ʿApiru, Idrimi de Alalakh, era filho de um rei deposto, e formou um bando de 'Apiru para se tornar rei de Alalakh. O que Idrimi compartilhava com os outros ʿApiru era pertencer a uma classe social inferior de foras da lei, mercenários e escravos levando uma existência marginal e às vezes sem lei à margem da sociedade estabelecida. Os Apiru não tinham afiliações étnicas comuns e nenhuma língua comum, seus nomes pessoais sendo mais frequentemente Semítico ocidental , mas também semítico oriental , hurrita ou indo-europeu .
Nas cartas de Amarna do século 14 aC, os pequenos reis de Canaã os descrevem às vezes como foras da lei, às vezes como mercenários, às vezes como diaristas e servos. Normalmente eles são socialmente marginais, mas Rib-Hadda de Byblos chama Abdi-Ashirta de Amurru (moderno Líbano) e seu filho ʿApiru, com a implicação de que eles se rebelaram contra seu suserano comum, o faraó. Em "A Conquista de Jope" (moderna Jaffa), uma obra egípcia de ficção histórica de cerca de 1440 aC, eles aparecem como bandidos , e o general Djehuty pede a certa altura que seus cavalos sejam levados para dentro da cidade para que não sejam roubados por um ʿApir que passasse.
OS REINOS DE ISRAEL NORTE E JUDÁ SUL
A população israelita em Canaã vê então a sua concentração principal deslocar-se mais para norte, na região de Siquém-Tirça. Tell el-Far'ah ( Tirzah , ou Tirça ), está desocupado em Ferro I. em uma pequena área (1ha na camada VIIa, setor oeste, em um montículo) e não é fortificado. No entanto, dado o número relativamente grande de selos que foram desenterrados (na camada VIIa, ou seja, no período considerado), pode-se supor a existência de um aparato burocrático ali. Tirsa, apresentada como a capital de Israel em seus primórdios no texto bíblico, na verdade serve, ao que parece, Reino dos Omrides . Quanto à extensão do território que este aparato administrativo controla (ver mapa), existe um certo paralelo com o coberto pela coalizão em torno de Siquém na época das Cartas de Amarna , paradoxo mencionado acima em conexão com as Cartas de 'Amarna. Em ambos os casos, deve-se notar que o território controlado é vasto enquanto, no entanto, é governado apenas a partir de uma pequena cidade, sem nenhuma arquitetura monumental, sem fortificações e sem um centro administrativo desenvolvido. Tal sistema, paradoxal, no entanto não é excepcional: é até bastante constante neste momento (encontra-se em particular em Siquém no final da Idade do Bronze, e em Gibeon ou Gibéa no Final do Ferro I). Pode-se pensar nisso em relação à organização de Jerusalém, um local em que as escavações não trouxeram à luz, para esse período, nenhuma arquitetura monumental, nenhuma fortificação de importância, nem qualquer vestígio de um aparato administrativo. Então, a influência da Tirça 75 diminuirá gradualmente e será substituída pela de Samaria ,, com uma importante função administrativa, um palácio, uma vasta esplanada e um grande muro de casamata. A arqueologia mostrará então a organização de um verdadeiro Estado, com construções monumentais e uma administração centralizada. Este tópico é abordado no artigo Dados arqueológicos sobre Omri e os Omrides .
O REI OMRI E A GRANDE EXPANSÃO DO REINO DE ISRAEL NORTE
Os Omrides são uma dinastia que governou o reino de Israel de 885 a 841 aC. aproximadamente.
O rei Onri é o fundador do Estado Centralizado de Israel , um reino centralizado no qual as antigas cidades-estados e as chefias das terras altas são administradas em uma única capital, Samaria , que Onri fundou. A dinastia Omrides continua com Acabe, filho de Onri.
De acordo com evidências arqueológicas, a organização do Reino de Israel em cidades-estados nos vales e cacicados autônomos nas terras altas, conforme descrito em detalhes nas Cartas de Amarna , continua a existir 1 . Durante os reinados de Davi e Salomão , nenhum traço da existência de um reino centralizado com Jerusalém como sua capital foi encontrado: se a existência do rei Davi é bem atestada como o fundador da "casa de Davi", dinastia diferente da "Casa de Onri", sabemos que o próprio nome de Salomão não aparece em nenhum lugar dos reinos vizinhos e que o tamanho de Jerusalém, uma pequena aldeia de montanha, não é compatível com o da capital de Omri. Não se pode, portanto, considerar o relato bíblico, neste momento, como uma fonte arqueológica confiável, nem considerar as datas por ele indicadas como historicamente estabelecidas.
O primeiro vestígio arqueológico da existência de um estado centralizado é constituído pelo reino de Israel, fundado pelo rei Onri . São os reinos vizinhos, Aram , Moab e Assíria , que nos fornecem fontes históricas através dos seus arquivos e através de três estelas: a estela de Tel Dan , a estela de Mesha e o Obelisco Negro . A estela de Tel Dan menciona que Acabe é rei de Israel. A Mesha Stela menciona que Onri e Ahab governaram. O Obelisco Negro nos prova que o exército de Ahab é um dos mais poderosos da região. Finalmente, os arquivos assírios, ao mencionar a Casa de Onri , atestam que foi de fato o rei Onri quem fundou a dinastia. Sabemos assim, através da arqueologia e independentemente do relato bíblico, que Onri fundou a cidade de Samaria , sua capital, que seu filho Acabe o sucedeu e que a dinastia Omrides reinou de 884 a 842 aC. AD .
Os Omrides agora reinam, não mais sobre uma chefia ou uma cidade-estado, mas sobre um território que vai muito além dos planaltos e vales centrais, aproximando-se de Damasco e incluindo o rio Jordão, bem como parte de Moabe . O Palácio Omrid de Samaria , em pedra perfeitamente lapidada, tem quase (2.500 metros quadrados). Dois grandes palácios Omrid em pedra cortada também foram desenterrados em Megido . A atribuição aos Omrides destes palácios é feita pela datação por um estilo específico de olaria, pelas marcas deixadas pelos pedreiros, que são a sua assinatura, comum aos três palácios, e pela datação por carbono 14.
Sob os Omrides, o reino de Israel desenvolveu-se consideravelmente, os métodos de produção industrializaram-se (os jarros em que eram comercializados o azeite e o vinho passaram a ter um tamanho normalizado), a alfabetização difundiu-se (estes jarros trazem indicações de proveniência, destinadas a serem lidas, o número dos óstracos encontrados aumenta rapidamente) e existe uma administração centralizada (a Samaria é um importante centro administrativo). Gerencia uma população composta, parte da qual é de cultura judaica (de origem nômade sediada nas terras altas) e parte da cultura cananéia (de origem urbana). A população do reino de Israel será estimada em 350.000 habitantes em torno de -800.
Na época dos Omrides, Jerusalém ainda era apenas uma pequena vila nas montanhas, sem função administrativa, sem óstracos, sem jarros padronizados. A ausência de um óstraco mostra que as pessoas não escreviam em Jerusalém na época dos Omrides: ao contrário dos arquivos assírios e das três estelas, o relato bíblico de Onri e Acabe não é um documento escrito em seu tempo. A população total do reino de Judá será estimada em 35.000 habitantes em torno de -800. O desenvolvimento do reino de Judá (função administrativa, óstraca, jarras padronizadas) não começará até a queda do reino de Israel, mas então será avassalador.
Os exércitos de Hazaël , rei de Aram-Damasco, puseram fim à dominação desses poderosos chefes militares que são os Omrides, como o dos filisteus (destruição de Gate ).
https://fr.wikipedia.org/wiki/Peuplement_des_hautes_terres_par_les_Isra%C3%A9lites
https://en.wikipedia.org/wiki/Habiru
https://fr.wikipedia.org/wiki/Omrides
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NAS PROXIMAS POSTAGENS: O REINO DE JEROBOÃO I. A DINASTIA OMRIDA. O REI OMRI É O VERDADEIRO SALOMÃO. DÚVIDAS SOBRE A EXISTÊNCIA DE SAUL, DAVI E SALOMÃO. O FIM DE ISRAEL SOB O ATAQUE ASSÍRIO E A DEPORTAÇÃO DOS ISRAELITAS PARA ASSÍRIA E BABILÔNIA. RELIGIÃO EM ISRAEL: POLITEÍSMO HIERARQUIZADO, POLITEÍSMO NÔMADE, OS TERAFINS, OS DEUSES DOS PAIS, A DIVINDADE PESSOAL QUE CAMINHA COM O CLÃ, CULTO DOS ANTEPASSADOS, EL E SUAS VARIANTES, A INVASÃO ÁRABE EM JUDÁ E O CULTO DE YAHU, AVRAHAM E SHARRATU, BAAL-BERIT OU EL-BERIT, EL BETEL, EL SHADDAI, EL ELYON, EL OLAM, EL GIBBOR, EL ROÍ, ELOHIM, SINCRETISMO CANANEU, LEVIATHAN E A MITOLOGIA CANANEIA, AS ÁGUAS E O CAOS, LENDAS POLITEÍSTAS DE JACÓ NO ISRAEL NORTE.