Já havia postado A Exegese da Alma em 2014 aqui: http://gnosedesi.blogspot.com/2014/12/a-exegese-da-alma-analise-e-texto.html mas o texto está traduzido pessimamente pelo google translate.
Agora, está disponível em PDF uma boa tradução inteligível no drive:
Algumas pessoas não estão entendendo corretamente o gnosticismo. Muito sobrecarregados das interpretações psicológicas e psicanalíticas de Carl Gustav Jung, elas estão ignorando o que os textos gnósticos estão clara e abertamente nos dizendo e reduzem e rebaixam o gnosticismo a mera psicologia. E o erro deles surge ao negar a dimensão MACROCÓSMICA do mito gnóstico e se apegarem às interpretações microcósmicas da psicanálise junguiana.
O mito gnóstico possui esses dois níveis: microcósmico e macrocósmico. Eles não podem ser "escolhidos" como uma linha de pensamento ou investigação a qual rejeita a outra. O mito gnóstico ao mesmo tempo explica a COSMOGONIA, a geração e constituição do Cosmo, bem como explica a Antropogonia, e geração e constituição do Homem.
A dimensão microcósmica diz respeito à constituição do homem como Alma, Mente e Corpo, bem como a natureza de estados psíquicos e misticos como Nous, Vazio, Silêncio, Pensamento, Intuição, Gnose e outros. É nessa dimensão que a Exegese da Alma conta e explica o Mito de Sophia. Nessa dimensão ela representa as almas individuais de cada ser humano e sua jornada nesta vida.
Mas, como ensina Platão e o esoterismo egípcio, tudo no mundo é copia e imitação de Idéias pré-ordenadas e preexistentes, as quais servem de modelo ao mundo terreno, que tenta imitá-las.
É o caso das almas individuais, que tem como modelo a Sophia Superior.
Existem duas Sophias conhecidas no Valentinismo: no Evangelho de Filipe há Echamoth e Echmoth. Echamoth é a Sabedoria Divina, essa palavra deriva do hebraico bíblico Hachmoth (Chokmah). Já Echmoth deriva do aramaico e do hebraico mishnaico bíblico Ekh-Moth e significa "como morte", ou seja, é a sabedoria da morte, o conhecimento da morte, por isso é chamada de Pequena Sabedoria ou Sabedoria Inferior.
Já no sistema de Ptolomeu, discípulo de Valentim, Sophia é a Sabedoria Superior ou Sophia Acima, enquanto Achamoth é oposta a Sophia, sendo a sabedoria inferior.
É justamente a Achamoth ou Echmoth ou Sabedoria Inferior que se chama a Alma de todos nós.
Já a Sabedoria Acima, Sophia Superior, é o aeon, ideia e arquétipo de nossas almas, ou seja, a Deusa da qual viemos.
Macrocosmicamente, na geração do Cosmo, uma entidade divina passou pelo abandono do céu, corrupção, prostituição, ataque dos bandidos, arrependimento, câmara nupcial com o Cristo e retornou à Divindade. Agora ela fica num Céu como deusa e age como Advogada das Almas inferiores que são julgadas, realiza um pré-julgamento delas e tenta ao máximo fazer as almas renascerem (transmigrarem) em corpos e vidas melhores para se arrependerem e alcançarem a Salvação. As almas Perfeitas ela já envia para outros deuses bons acima dela. Almas malignas e muito pecadoras ela permite que arcontes (anjos, demônios) a torturem em vários planos - ver os capítulos de Pistis Sophia sobre a Virgem de Luz. Dependendo do tamanho do pecado, certas almas vão para o inferno e são horrendamente torturadas por muitas eras até que possam retornar ao ciclo de renascimentos em mundos melhores. Os arcontes que torturam as almas após a morte são os mesmos arquétipos dos arcontes do corpo, dos pensamentos e sentimentos que deixamos nos dominar enquanto presos no corpo, portanto nada na vida após a morte é injusto e todo castigo corresponde ao que vivemos em cada momento e às nossas escolhas.
O que temos que entender é que, conforme Platão, o próprio cosmo é simbólico: as coisas da natureza como minerais, vegetais, animais, astros, etc, tudo no mundo é símbolo de verdades inefáveis. E as coisas se constituem e se movimentam tentando imitar essas verdades e revelá-las de forma físico-natural. Um exemplo claro é o Sol como símbolo de Deus. O Sol é o Rei do Céu, ele dá vida. Sem ele as plantas não crescem e o mundo seria um inferno gelado e morto. Ele dá Luz e aquece. Ao mesmo tempo é um fogo terrível, até olhar para ele é difícil. Ele é tão poderoso que é difícil explicá-lo, seu poder é gigantesco, ele próprio é gigantesco. E todos os planetas giram em torno dele. Ele é o Rei e tem seus servidores. Ele é o Centro da galáxia, todos os planetas, luas, asteróides e satélites giram em torno dele, vivem em função dele.
Também o Homem, com seus cinco membros: duas pernas, dois braços e cabeça, que juntos com o tronco formam 6 partes unificadas, também é símbolo de Deus e seus cinco membros ou aspectos. Não foi à toa que Pitágoras escolheu o pentagrama com símbolo de sua escola de mistérios - certamente Deus é composto de um tronco essencial e cinco grandes aspectos mais elevados, que são parte dele mesmo.
E o mito de Sophia é visto até mesmo em mitocôndrias e cloroplastos, em seus processos de produção de energia realizando a respiração celular. Leiam o livro A Dança do Universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser... Quanto mais se estuda física, química e biologia, mais Deus aparece. É engraçado porque esse autor é um agnóstico e critica fortemente o Design Inteligente explanado por Darwin, mas seu livro é uma envolvente dança de volta a Deus - aliás foi um dos livros que me influenciaram a deixar o agnosticismo e voltar a crer em Deus mais do que nunca.
A relação microcosmo-macrocosmo é explicada no Apócrifo de João, Pistis Sophia, Apocalipses de Tiago, Evangelho de Mani e outros. Portanto irmãos, desconfiem de quem fica fazendo esse capenga reducionismo com as ideias do psicanalista Carl Jung e outros que pensam como ele. Gnosticismo não é mera psicologia. A Teurgia (Magia), espécie de rituais simbólicos com uso de elementos, símbolos, atos, palavras mágicas e outras ações era praticada justamente para auxiliar a Alma na apreensão dos arquétipos e na prevenção de quedas e apegos ao mundo material, afim de auxiliar na sua subida a Deus. A eucaristia, o batismo, a crisma, entre outros rituais também são formas de magia ou teurgia.
Assim como o Universo é um ritual mágico sendo realizado tentando se parecer com as Ideias Divinas, assim nós devemos realizar rituais Belos, Inefáveis e Extravagantes também, para nos aproximarmos mais de Deus e de suas Formas Ideais. Deus não é o criador da matéria corrupta feita de demônios e fruto da mistura o Bem e o Mal chamado Yaldabaoth, mas o Emanador dos Universos e de todas as coisas em ultima instância pois todo ser participa necessariamente do Supremo Ser em algum nível. E esses rituais tem poder. Não foi à toa que Cristo disse que estaria presente no Pão e no Vinho - invocações, preces, levantar de mãos e usos de elementos em atos ritualísticos, desde que com concentração mental nas divinas Verdade e Sabedoria pode realmente alterar a matéria e despertar a Luz escondida. O problema é que há pessoas que usam a concentração para o mal, energizando com maus pensamentos e concentrando em desejos egoístas para realizar sonhos materialistas. Burros, não percebem que abrem portais para demônios destruírem a eles próprios, e a terrível Lei do Destino (Carma) age. Estes certamente serão agarrados pelos demônios quando morrerem e não verão a divina Donzela de Luz que não vai advogar em sua defesa.
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